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domingo, 24 de julho de 2011

MUDANDO A SOCIEDADE PARA MUDAR A MIM MESMO


A Natureza não apenas nos “condena” a uma constante fuga do sofrimento, e a uma contínua busca pelo prazer, ela também negou-nos a habilidade de determinarmos o tipo de prazer que desejamos. Em outras palavras, nós não podemos controlar o que queremos, e os desejos surgem do nada dentro de nós sem prévio aviso e sem perguntar a nossa opinião sobre o assunto.


A Natureza não apenas criou nossos desejos, ela também proveu-nos com um jeito de controla-los. Se lembrarmos que somos todos partes da mesma alma, aquela de Adam ha Rishon, será fácil para nós entendermos que o jeito de controlarmos nossos desejos é afetando a alma inteira, ou seja, a humanidade, ou ao menos uma parte dela.

Vejamos isso desta forma: Se uma única célula quisesse ir para a esquerda, mas o resto do corpo quisesse ir para a direita, a célula teria de ir para a direita, também. Assim seria, a não ser que ela convencesse o corpo inteiro, ou a maioria esmagadora das células, ou o “governo” do corpo de que seria melhor ir para a esquerda.

Assim, mesmo que não possamos controlar os nossos próprios desejos, a sociedade pode e os controla. E porque podemos definir nossa opção de sociedade, podemos definir o tipo de sociedade que nos afetará da maneira que pensamos ser a melhor. Explicando em poucas palavras, podemos usar as influências sociais para controlarmos nossos próprios desejos. E ao controlarmos nossos desejos, controlaremos nossos pensamentos e finalmente, nossas ações.

O Livro do Zohar, acerca de dois mil anos atrás, já tinha descrito a importância da sociedade. Mas desde o século XX, quando se tornou óbvio que somos dependentes uns dos outros para a sobrevivência, a utilização eficaz de nossa dependência social tornou-se vital para o progresso espiritual. A suprema importância da sociedade é uma mensagem que o Cabalista Yehuda Ashlag torna clara em vários de seus ensaios, e se seguirmos sua linha de pensamento entenderemos porque.Ashlag diz que o maior desejo de cada um, admita ele ou não, é ser querido pelos outros e obter sua aprovação. Isto não apenas nos dá um senso de confiança, mas afirma nossa possessão mais preciosa – nosso ego. Sem a aprovação da sociedade, sentimos que nossa própria existência é ignorada, e nenhum ego pode tolerar a rejeição. É por isso que as pessoas freqüentemente chegam a extremos para ganharem a atenção dos outros.

E porque nosso maior desejo é obter a aprovação da sociedade, somos compelidos a nos adaptar a (e adotar) as leis de nosso ambiente. Estas leis determinam não apenas nosso comportamento, mas definem nossa atitude e caráter com relação a tudo que fazemos e pensamos. Esta situação nos faz incapazes de escolhermos coisa alguma – seja a maneira que vivemos, ou nossos interesses, ou como aproveitamos nosso tempo livre, ou até a comida que comemos e as roupas que vestimos.

Além disso, mesmo quando escolhemos nos vestir de forma contrária à moda ou independente dela, nós continuamos (tentando ser) indiferentes a um determinado código social que escolhemos ignorar. Em outras palavras, se a moda que escolhemos ignorar não tivesse existido, nós não teríamos a ignorado e teríamos provavelmente escolhido um código de vestuário diferente.Enfim, a única maneira de mudarmos a nós mesmos é mudando as normas sociais de nosso ambiente.

QUATRO FATORES

Mas se não somos nada além de produtos de nosso ambiente, e se não existe real liberdade no que fazemos, no que pensamos, no que queremos, podemos ser considerados responsáveis por nossas ações? E se não somos responsáveis por elas, quem é? Para respondermos estas perguntas precisamos primeiro entender os quatro fatores que nos compõem, e como podemos trabalhar com eles para adquirirmos a liberdade de escolha. De acordo com a Cabalá, somos todos controlados por quatro fatores:

1. A “base”, também chamada de “matéria primária”;
2. Atributos imutáveis da base;
3. Atributos que mudam através de forças externas;
4. Mudanças no ambiente externo.
Vejamos o que eles significam para nós.

1. A Base, a Matéria Primária
Nossa essência imutável é chamada de “a base.” Eu posso estar feliz ou triste, pensativo, nervoso, sozinho ou com os outros. Com qualquer ânimo e em qualquer sociedade, o eu básico nunca muda. Para entendermos o conceito de quatro fases, pensemos no desenvolvimento e na morte das plantas. Considere um ramo de trigo. Quando uma semente de trigo se decompõe, ela perde sua forma completamente. Mas mesmo que ela tenha perdido sua forma completamente, apenas um novo ramo de trigo irá emergir daquela semente, e nada mais. Isto é assim porque a base não se alterou; a essência da semente permaneceu aquela do trigo.

2. Atributos Imutáveis da Base
Assim como a base é imutável e o trigo sempre produz novo trigo, a maneira em que a semente de trigo se desenvolve é também imutável. Um único caule pode produzir mais de um caule no novo ciclo de vida, e a quantidade e a qualidade dos novos germes pode mudar, mas a própria base, a essência da forma anterior do trigo, permanecerá inalterada. Resumindo, nenhuma outra planta pode crescer de uma semente de trigo além do trigo, e todas as plantas de trigo sempre passarão pelo mesmo padrão de crescimento do momento em que germinarem ao momento em que secarem. Similarmente, todas as crianças humanas amadurecem pela mesma seqüência de crescimento. É por isso que nós (mais ou menos) sabemos quando uma criança deverá começar a desenvolver determinadas habilidades, e quando ela poderá começar a comer determinados alimentos. Sem este padrão fixo, nós não poderíamos traçar a curva de crescimento dos bebês humanos, ou de nenhuma outra coisa, no que diz respeito ao assunto.

3. Atributos que Mudam através de Forças Externas
Mesmo que a semente permaneça o mesmo tipo de semente, sua aparência pode mudar como resultado das influências ambientais tais como a luz do sol, o solo, os fertilizantes, a umidade, e a chuva. Assim, enquanto o tipo de planta permanece sendo o trigo, sua “embalagem”, os atributos da essência do trigo, podem ser modificados através dos elementos externos. Similarmente, nossos ânimos mudam na companhia de outras pessoas ou em diferentes situações mesmos que os nossos egos (bases) permaneçam os mesmos. Algumas vezes, quando a influência do ambiente é prolongada, ela pode não apenas mudar nosso ânimo, mas até nosso caráter. Não é o ambiente que cria novos traços em nós; apenas acontece que o estar no meio de um determinado tipo de gente encoraja certos aspectos de nossa natureza a tornarem-se mais ativos do que eram antes.

4. Mudanças no Ambiente Externo
O ambiente que afeta a semente é em si afetado por outros fatores externos tais como as mudanças climáticas, a qualidade do ar, e plantas próximas. É por isso que cultivamos plantas em estufas e fertilizamos a terra artificialmente. Nós tentamos criar o melhor ambiente para a planta crescer. Em nossa sociedade humana, nós constantemente mudamos nosso ambiente: nós promovemos novos produtos, elegemos governos, vamos a cursos de todos os tipos, e passamos o tempo com os amigos. Assim então, para controlarmos nosso crescimento, devemos aprender a verificar os tipos de pessoas com as quais passamos o tempo, mas o mais importante, são as pessoas que admiramos. Estas são as pessoas que nos influenciam mais.

Se nós desejamos nos tornar corrigidos – altruístas – precisamos saber quais mudanças sociais promoverão a correção, e então busca-las. Com este último fator – as mudanças no ambiente externo – nós moldamos nossa essência, mudamos os atributos de nossa base, e conseqüentemente determinamos nosso destino. É aí que temos liberdade de escolha.




Extraído  do livro: A Cabalá Revelada O Guia da Pessoa Comum para uma Vida Mais Tranqüila Rav Michael Laitman, PhD - Cap.6 pags. 134 a136
http://www.kabbalah.info/brazilkab/bibliotecaFrameset.htm