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domingo, 26 de junho de 2011

DECIFRANDO O SEGREDO DA FELICIDADE



A felicidade deixa de ser um mistério na Cabala. Este conceito de felicidade, que para muitos é simplesmente uma idéia vaga pode fracionar-se para análise de seus componentes e entendimento. E da mesma maneira em que temos e=mc2, existe também uma fórmula para alcançar a felicidade duradoura.



O DINHEIRO DO VIZINHO VALE MAIS

“Será dinheiro?”, perguntaram os pesquisadores. “Se eu tivesse dinheiro”, alega típico fantasioso da felicidade, “faria tudo o que quisesse: viajar pelo mundo, comprar o que desejasse, seria independente e teria o controle de minha existência. Em poucas palavras, o dinheiro me traria a felicidade, não é assim?”
                                          
De maneira surpreendente (ou não), os estudos mais recentes nos mostram que uma vez que temos a quantidade suficiente para chegar às satisfações básicas, o dinheiro deixa de ser uma fonte de felicidade. De fato, uma pesquisa muito conhecida revela que os ganhadores da loteria perdem a euforia inicial com bastante rapidez. Ao cabo de pouco tempo, seu estado de ânimo é exatamente igual ao que tinham antes de sua boa sorte. Efetivamente, uma vez que tenhamos acumulado mais dinheiro do que necessitamos para nossas necessidades básicas, a capacidade de desfrutar se vai ofuscando com perguntas como, “Estou à altura dos Oliveira?”, pois não importa o quanto ganhemos sempre nos vai parecer que os prêmios de nosso vizinho valem mais.

A ECONOMIA DA FELICIDADE

Que podemos dizer de nosso tempo de folga? Se trabalhássemos menos e tivéssemos mais tempo livres, chegaríamos a sentir a tão ansiada felicidade? Os pesquisadores rejeitaram tal hipótese categoricamente. No “Mapa da Felicidade do Mundo”, publicado recentemente pela Escola de Psicologia da Universidade Leicester da Inglaterra, o laborioso Estados Unidos da América ocupam um respeitável 23º lugar, melhor que os franceses que gozam de um bom número de semanas de férias e se colocam num desconcertante 62º. lugar. Uma por uma, os pesquisadores da felicidade foram derrubando as teorias mais conhecidas sobre o caminho que conduz a ela. Chegaram à conclusão que as circunstâncias como triunfar na profissão, ser feliz no matrimônio e inclusive gozar de boa saúde não nos garante a felicidade.

Portanto, o que então nos faria felizes? Esta é justamente a pergunta que deixa os pesquisadores sem fala. Por alguma razão, é mais simples identificar os fatores que não nos dão a felicidade que oferecer uma fórmula prática para a verdadeira felicidade. “A felicidade está em todos os lados - dentro dos livros mais vendidos, nas mentes dos criadores de políticas sociais e é o ponto central dos economistas – e sem dúvida continua sendo esquiva”, conclui Rana Foroohar a veterana editora de economia do Newsweek. Então o que podemos fazer para capturar a efêmera felicidade?

A MECÂNICA DA FELICIDADE
Para decifrar o segredo da felicidade, devemos descobrir em primeiro lugar quem somos realmente e qual é nossa natureza, a qual é simples: Somos o desejo de ser felizes. Em outras palavras, todos nós queremos receber prazer e desfrutar, ou como o chama a Cabala “o desejo de receber”.

“… O desejo de receber prazer constitui toda a substância da Criação, desde o princípio até o final e toda a incalculável quantidade de criaturas e suas variedades, não são outra coisa senão graus e valores distintos do desejo de receber.” (Rabi Yehuda Ashlag: Prefácio a Sabedoria da Cabala)

Talvez estejam familiarizados com o citado. Mas nossa natureza, o desejo de receber, é muito mais sofisticada do que nos parece. Não é tão somente um desejo constante que sempre nos está dando ligeiros impulsos para buscar a felicidade. Este desejo de receber é o que realmente nos move a realizar tudo, desde as ações mais cotidianas, insignificantes, até os pensamentos que passam por nossa mente.

O desejo de receber busca satisfação a cada passo e se assegura que não  descansemos até satisfazer suas demandas. É ele que determina constantemente nosso estado de ânimo; se o realizamos, nos sentimos felizes, nos sentimos bem, a vida é uma canção; mas, se não o realizamos, estaremos frustrados, enojados, deprimidos, nos tornamos violentos e até com pensamentos suicidas. O célebre autor irlandês Oscar Wilde, definitivamente o sabia quando escreveu, “Neste mundo só ocorrem duas tragédias. Uma, é não conseguir o que queremos e a outra consegui-lo. A última é muito pior, é uma verdadeira tragédia”.

SEGREDO DA FELICIDADE: O PONTO MÁXIMO DO PRAZER
                                           

A Cabala nos explica o processo para obter a felicidade, da seguinte maneira: Primeiro, desejamos algo e nos esforçamos por conseguir. No momento que realizamos o que ansiávamos, invade-nos uma sensação de prazer, alegria e deleite. Em termos cabalísticos o primeiro encontro entre qualquer desejo e sua satisfação é o ponto máximo do prazer.


Ou seja, tão pronto obtemos o que queremos, o desejo vai desaparecendo. Em poucas palavras, já não sentimos o desejo pelo que havíamos conseguido e como resultado, o prazer se esvai até desaparecer por completo. Por exemplo, sinto tanta fome que creio que poderia comer um bife de filé grosso e gostoso sozinho, sem convidar ninguém (os vegetarianos podem pensar num enorme prato de verduras). Mas, o que se passa quando começo a comer? A primeira garfada é um êxtase e a seguinte é maravilhosa. A que se segue é boa e logo, pois, sim… está bem. Sem dúvida, depois vai diminuindo sua importância, até que acabo dizendo, “Nem um pouco mais, vou estourar”. Isto se aplica a tudo, não somente a comida. Podemos passar anos sonhando com um auto esportivo. Mas quando o temos, por uns momentos ou dias sentimos uma emoção imensa, descobrimos que pouco a pouco vamos desfrutando menos. Até que ao final, cada vez que o dirigimos, só pensamos na gigantesca dívida que adquirimos e no fato de ter que pagá-la nos próximos três anos.




O Professor de Economia, Richard Easterlin, da Universidade do Sul da Califórnia, um dos pioneiros na pesquisa da felicidade chama a este fenômeno “adaptação hedonista”, que significa, “Compro um carro novo e me acostumo a ele. Adquiro um novo guarda roupa e igualmente me acostumo. Rapidamente nos adaptamos ao prazer que recebemos…” Porém, isto não pode ser o final da história. Depois de tudo, ao descobrir estes acontecimentos, vemos que todos nós ansiamos por encontrar prazer duradouro. É possível que a natureza nos haja colocado neste círculo vicioso no qual sempre seremos infelizes? Será a felicidade tão só um conto de fadas que nunca irá se converter em realidade?


A FÓRMULA (SECRETA) DA FELICIDADE     

Afortunadamente, a Cabala nos explica que a natureza não é cruel; que de fato, seu único desejo é dar-nos a felicidade que tanto buscamos. Se nossa aspiração a ser feliz não fosse destinada a ser realizada, não haveríamos sido criados com ela. O propósito da natureza é deixar que logremos alcançar, de maneira independente, uma sensação de total e completa felicidade, não parcial ou temporal e sim, perfeita e eterna.

Em realidade, estamos mais perto de alcançá-la do que pensamos. De fato, a recente tendência por investigar a felicidade e a crescente compreensão de que sempre permanecemos insatisfeitos nos vão permitindo efetivamente nos aproximamos da verdadeira felicidade. Estamos começando a reconhecer o padrão: a felicidade não depende da quantidade de dinheiro ganho ou quão bem está nosso casamento.

De fato, não tem relação alguma com qualquer prazer material que tratemos de receber e sim com nossa condição interna. Estamos começando a descobrir o fato fundamental que a felicidade pode ser obtida só se utilizarmos um principio distinto de prazer. A Cabala nos ajuda a resolver o problema da felicidade desde sua raiz. Já sabemos a razão porque nunca experimentamos o prazer duradouro: o encontro do prazer com o desejo neutraliza de imediato o desejo e, este ao ser neutralizado nos impede de desfrutar do prazer.

Assim o segredo da felicidade, nos explica a Cabala, é agregar outro ingrediente a este processo: a “intenção”. Isto significa que continuamos desejando como antes, só que damos um novo giro ao desejo: o dirigimos para fora de nós, como se estivéssemos dando a outro. Em outras palavras, esta intenção de doação, converte o nosso desejo em um condutor de prazer.


Se elevamos nosso desejo ao plano espiritual, em função de doar, o prazer que sentimos nunca vai parar; continuará fluindo através de nosso desejo segundo nossa intenção. E nosso desejo poderá seguir recebendo continuamente sem nunca chegar a saciar-se. E essa é a fórmula para o prazer interminável ou a felicidade duradoura.

Quando alguém aplica essa fórmula, passa em realidade por uma transformação muito profunda e começa a sentir diferentes tipos de prazer. A Cabala os chama “espirituais” e justamente são eternos. A verdadeira felicidade se encontra ali na esquina, esperando que aprendamos como experimentá-la, como agregar a intenção ao nosso desejo. Ao estudar a Cabala adquirimos esta nova intenção espiritual de maneira natural e começamos a receber conforme o desejo da Natureza, ou seja, plenamente. E é por isto que a “Cabala” significa “receber”, em hebraico, já que é a sabedoria que justamente ensina-nos como receber o prazer duradouro.





A VOZ DA CABALA - Para quem busca expandir sua visão interna - Rav Dr. Michael Laitman, CAP. I págs 53 a 56.

domingo, 19 de junho de 2011

A ESCURIDÃO QUE ANTECEDE A ALVORADA

Dr. Michael Laitman Phd

O período mais escuro da noite é logo antes da alvorada. Similarmente, os escritores do Livro do Zohar disseram, acerca de 2.000 anos atrás, que o período mais escuro da humanidade viria logo antes de seu despertar espiritual. Por séculos, começando com o Ari, autor de Árvore da Vida, que viveu no século XVI, os Cabalistas têm escrito que o período ao qual o Zohar estava se referindo é o fim do século XX. Eles o chamaram de “a última geração.”



UM ADMIRÁVEL MUNDO NOVO EM QUATRO PASSOS

São necessários apenas quatro passos para mudar o mundo:
1. Reconhecer a crise;
2. Descobrir porque ela existe;
3. Determinar a melhor solução;
4. Desenvolver um plano para resolver a crise.


Vamos examiná-los um de cada vez.

  1. Reconhecendo a crise.
Existem diversas razões pela quais muitos de nós permanecemos não notando que existe uma crise. Os governos e as corporações internacionais deveriam ser os primeiros a cuidarem do problema, mas, interesses conflitantes os previnem de cooperar para lidarem com a crise eficientemente.

Além do que, muitos de nós ainda não sentimos que o problema está nos ameaçando de maneira pessoal, e assim então suprimimos a necessidade urgente de lidarmos com ele, antes do ocorrente tornar-se muito desagradável.  O maior problema é que não nos lembramos de um estado tão precário no passado. Por causa disso, somos incapazes de avaliar nossa situação corretamente. Isto não é dizer que catástrofes nunca aconteceram antes, mas nossa época é exclusiva no sentido de que hoje está acontecendo em todos os aspectos, instantaneamente – em todo aspecto da vida humana, e por todo o planeta.
  
 2. Descobrindo porque ela existe.

Uma crise ocorre quando existe uma colisão entre dois elementos, e o elemento superior força seu domínio sobre o inferior. A natureza humana, o egoísmo, está descobrindo quão oposta ela é à Natureza, ao altruísmo. É por isso que tantas pessoas sentem-se angustiadas, deprimidas, inseguras e frustradas.

Em síntese, a crise não está realmente ocorrendo no exterior. Mesmo que certamente pareça ocupar um espaço físico, ela está acontecendo dentro de nós. A crise é a luta titânica entre o bem (o altruísmo) e o mal (o egoísmo). Quão triste são termos de atuar como os vilões no verdadeiro reality show. Mas não perca as esperanças – como acontece em todos os shows, um final feliz nos espera.

3. Determinando a melhor solução.

Quanto mais reconhecermos a causa essencial da crise, ou seja, nosso egoísmo, mais entenderemos o que precisa ser mudado em nós e em nossas sociedades. Ao fazermos assim, poderemos diminuir a intensidade da crise e trazer a sociedade e a ecologia a um resultado positivo e construtivo. Falamos mais sobre essas mudanças quando exploramos a idéia da liberdade de escolha.



4. Desenvolvendo um plano para resolver a crise.

Uma vez que tivermos concluído os primeiros três estágios do plano, poderemos esboçá-lo em maiores detalhes. Mas, mesmo o melhor plano não pode obter sucesso sem o suporte ativo de importantes organizações, reconhecidas internacionalmente. Portanto, o plano precisa ter uma ampla base de apoio internacional, de cientistas, pensadores, políticos, das Nações Unidas, como também da mídia e de organizações sociais.

Na verdade, porque crescemos de um nível de desejo para o próximo, tudo o que está acontecendo agora está acontecendo pela primeira vez no nível espiritual do desejo. Mas se nos lembrarmos que estamos nesse nível, podemos usar o conhecimento daqueles que já se conectaram com a espiritualidade da mesma maneira que usamos nosso atual conhecimento científico.

Os Cabalistas, que já se dirigiram para os mundos espirituais, a raiz de nosso mundo, vêem a raiz espiritual (os Reshimot) causando esse estado, e podem nos guiar para fora dos problemas que estamos enfrentando, a partir da origem de tais problemas no mundo espiritual. Desta maneira resolveremos a crise facilmente e rapidamente, pois saberemos por que as coisas acontecem e o que precisa ser feito com relação a elas. Pense nisso desta maneira: Se você soubesse que existem pessoas que podem predizer os resultados da loteria de amanhã, não iria você querer que elas ficassem ao seu lado enquanto fosse fazer suas apostas?

Não existe mágica aqui, apenas conhecimento das regras do jogo no mundo espiritual. Através dos olhos de um Cabalista, não estamos em crise, estamos apenas um pouco desorientados, e por isso continuamos apostando nos números errados. Quando encontrarmos nossa direção, resolver a crise (não-existente) será moleza. E assim estaremos ganhando na loteria. E a beleza do conhecimento Cabalístico está no fato delenão ter direitos autorais; ele pertence a todos.


Artigo extraído do Livro: A Cabalá Revelada - O Guia da Pessoa Comum para uma Vida Mais Tranqüila - Rav Michael Laitman, Phd - Capitulo 6, págs. 127, 128,129. 

domingo, 12 de junho de 2011

O MAIOR DE TODOS OS DESEJOS

Dr. Michael Laitman

A Cabalá ensina sobre desejos e como satisfaze-los. Ela tem investigado a alma humana e seu desenvolvimento desde seu simples começo como uma semente espiritual, à sua culminação como a Árvore da Vida. Logo que você capturar a essência dela, você aprenderá o restante dentro de seu próprio coração. 


POR TRÁS DE PORTAS FECHADAS

O homem... se ele é educado insuficientemente ou
de forma imprópria, ele é a mais selvagem das
criaturas terrestres.
- Platão, As Leis
O conhecimento sempre foi considerado um bem. A espionagem não é uma invenção dos tempos modernos; ela existe desde a alvorada da história. Mas ela existiu porque o conhecimento sempre foi revelado na base do precisar saber, e a única disputa era sobre quem precisava saber.
No passado, os conhecedores eram chamados de “sábios,” e o conhecimento que eles possuíram era o dos segredos da Natureza. Os sábios esconderam seu conhecimento, temendo que ele pudesse cair nas mãos daqueles que eles consideravam indignos.
Mas como determinamos quem merece saber? O fato de eu ter algum pedaço de informação exclusivo me dá o direito de esconde-lo? Naturalmente, pessoa alguma iria concordar que ela não merece saber; assim nós tentamos “roubar” qualquer informação que queiramos, que não está acessível abertamente.
Mas este nem sempre foi o caso. Há muitos anos atrás, antes do egoísmo alcançar seu nível mais elevado, as pessoas consideravam o bem coletivo antes de considerar o seu próprio.



Elas sentiam-se conectadas a     toda a Natureza e a toda a humanidade, e não a si próprias. Para elas, essa era a maneira natural de ser.Mas atualmente, nossas considerações têm mudado drasticamente, e acreditamos que somos dignos de saber tudo e de fazer tudo. Isto é o que nosso nível de egoísmo dita automaticamente.
De fato, mesmo antes de a humanidade alcançar o quarto nível do desejo, eruditos começaram a vender sua sabedoria para obterem benefícios materiais como o dinheiro, a honra, e o poder. Conforme cresceram as tentações, as pessoas não mais puderam manter seu modo de vida modesto e dirigir seus esforços inteiramente à investigação da Natureza. Ao invés disso, estas pessoas sábias começaram a usar seu conhecimento para obterem prazeres materiais.
Hoje, com o progresso da tecnologia e com o maior ímpeto de nossos egos, o mau uso do conhecimento tornou-se a regra. Assim, quanto mais a tecnologia progride, mais perigoso estamos nos tornando para nós mesmos e para nosso ambiente.
Conforme nos tornamos mais poderosos, estamos mais tentados a usar nosso poder para obtermos o que queremos. Como já foi dito anteriormente, o desejo de receber consiste de quatro níveis de intensidade. Quanto mais poderoso se torna, maior o nosso declínio moral e social. Não é, então, de se surpreender que estejamos numa crise. É também bastante claro o porquê dos sábios terem escondido seu conhecimento, e o porquê do próprio egoísmo crescente deles compeli-los a revela-lo.
Sem mudarmos a nós mesmos, conhecimento e progresso não irão nos ajudar. Eles apenas produzirão prejuízos maiores do que já temos. Portanto, seria totalmente ingênuo esperar que o avanço científico mantenha sua promessa de uma boa vida. Se queremos um futuro mais brilhante, precisamos apenas mudar a nós mesmos.



A EVOLUÇÃO DOS DESEJOS

A afirmação de que a natureza humana é egoísta é estranha para se fazer qualquer manchete. Mas porque somos naturalmente egoístas, somos todos, sem exceção, propensos a fazer um mau uso do que sabemos. Esta propensão não significa que usaremos nosso conhecimento para cometer um crime. Ela pode expressar-se em coisas bastante pequenas, aparentemente insignificantes, como conseguir ser promovido no trabalho enquanto não merecemos, ou afastar a pessoa amada de nosso melhor amigo para longe dele.
A verdadeira notícia sobre o egoísmo não é que a natureza humana é egoísta; é que eu sou um egoísta. A primeira vez que confrontamos nosso próprio egoísmo é uma experiência completamente esclarecedora. É como se tornar sóbrio, é uma grande dor de cabeça.
Há uma boa razão pela qual nosso desejo de receber constantemente se desenvolve, e nós iremos falar dela daqui a pouco. Mas por enquanto, vamos nos focar no papel desta evolução da maneira em que adquirimos conhecimento.
Quando um novo desejo surge, ele cria novas necessidades. E quando procuramos por maneiras de satisfazer estas necessidades, desenvolvemos e aperfeiçoamos nossas mentes. Em outras palavras, é a evolução do desejo de receber prazer que cria a evolução.Uma olhada na história humana da perspectiva da evolução dos desejos mostra como estes crescentes desejos geraram cada conceito, descoberta, e invenção. Cada inovação, de fato, tem sido uma ferramenta que nos ajuda a satisfazer as necessidades e demandas crescentes que nossos desejos criam.


Existem cinco níveis em nossos desejos, divididos em três grupos. O primeiro grupo é o do desejo animal (por alimento, reprodução, e por um lar); o segundo é o dos desejos humanos (por dinheiro, honra, conhecimento), e o terceiro grupo é o do desejo espiritual (o “ponto no coração”).
Enquanto apenas os dois primeiros grupos estiveram ativos, nós procurávamos “domar” nossos desejos através da rotina, e suprimi-los. Quando o “ponto no coração” surgiu, as duas primeiras maneiras não mais cumpriram seu papel, e tivemos que procurar por uma outra maneira. Isto foi quando a sabedoria da Cabalá reapareceu, depois de ter sido escondida por milhares de anos, esperando pelo momento em que seria necessária.
A sabedoria da Cabalá é o meio para o nosso Tikkun (correção). Usando-a, podemos mudar nossa Kavaná (intenção) de querermos gratificação própria, definida como egoísmo, para querermos gratificar a Natureza toda, o Criador, definida como altruísmo.
A crise global que estamos experimentando hoje é uma crise de desejos. Quando usarmos a sabedoria da Cabalá para satisfazer o último e maior desejo de todos – o desejo pela espiritualidade – todos problemas serão resolvidos automaticamente, porque a raiz deles está na insatisfação espiritual  que muitos estão experimentando atualmente.



A Cabalá Revelada - O Guia da Pessoa Comum para uma Vida Mais Tranqüila - Rav Michael Laitman, PhD - Capitulo 2 pags  41 a 48.

domingo, 5 de junho de 2011

Garanta Sua Saída da Crise: Aprendendo com a natureza

Dr Michael Laitman



A melhor maneira de corrigir os erros cometidos é aprender com aqueles que fizeram as coisas certas. Nesse caso, a natureza é o nosso modelo exemplar e de êxito comprovado, portanto ela deveria ser nossa professora.



Um Caminho Para Sair do Bosque

Para ver como podemos deixar o desejo de doar entrar em nossa vida, vamos olhar como a natureza o faz. Percebemos o mundo exterior usando os nossos sentidos, e acreditamos que a imagem da realidade fornecida pelos nossos sentidos  é exata e de confiança.  Mas será que é?

Quantas vezes andamos com um amigo, e o amigo ouve algo que nos escapou? Bem, só porque nós não ouvimos aquele som, não significa que não houve nenhum som. Tudo que significa é que os nossos sentidos não o detectaram, ou que não prestamos atenção. Ou talvez o nosso amigo estivesse alucinando!

Nas três possibilidades, a realidade objetiva é a mesma, mas a nossa percepção dela não é. Em outras palavras, nós não sabemos como é a verdadeira realidade, ou se ela existe de fato. O que sabemos é o que percebemos dela.

Então como a percebemos? Usamos um processo descrito como “equivalência de forma.” Cada um de nossos sentidos responde a um tipo diferente de estímulo, mas todos os nossos sentidos trabalham de forma semelhante. Quando um raio de luz, por exemplo, penetra na minha pupila, os neurônios da minha retina criam um modelo da imagem externa.   Este modelo é então codificado e transferido para o meu cérebro, que decodifica os pulsos e reconstrói a imagem. Um processo semelhante ocorre quando um som atinge os nossos tímpanos ou quando algo toca a nossa pele.

Em outras palavras, o meu cérebro utiliza meus sentidos para criar um modelo ou uma forma igual ao objeto externo.  Mas se o meu modelo é inexato, eu nunca saberei e acreditarei que o objeto ou som real é o mesmo que o modelo que criei na minha mente.

O principio da “equivalência da forma” não se aplica apenas aos nossos sentidos, mas também ao o nosso comportamento, as Crianças, por exemplo, aprendem pela repetição do comportamento que vêem a sua volta. Chamamos isso de “imitação”.  Ansiosos para conhecer o mundo em que nasceram e sem conhecimentos lingüísticos, as crianças usam a imitação como meio para adquirir competências como sentar e levantar, falar e o usar talheres. Quando falamos, eles observam como movemos os nossos lábios. É por isso que os pais são aconselhados a falar claramente com as crianças (mas não em voz alta, elas podem ouvir melhor do que a gente).  Imitando-nos, as crianças criam as mesmas formas (movimentos e sons) como o fazemos, e assim aprendem sobre o mundo em que vivem.

Na verdade, não só as crianças aprendem dessa forma, mas o conjunto da natureza é uma prova da eficácia da aprendizagem através da equivalência de forma. É emocionante ver os filhotes de leão brincar. Eles se agacham numa cilada, se atacando uns aos outros com o entusiasmo da juventude. Eles perseguem tudo, desde sombras, a insetos, a antílopes. Há pouco perigo de eles realmente capturarem algo nesta fase, mas para eles, perseguir não é apenas um jogo.  Atuando desta forma eles despertam os papéis de caçadores para a vida.  Sem isso eles não poderiam sobreviver porque não saberiam abater a sua presa que vai alimentá-los e sustentá-los.

Se quisermos perceber o desejo de doar, tudo que precisamos fazer é criar uma imagem do mesmo dentro de nós.  Se prestarmos atenção aos nossos pensamentos e desejos enquanto agimos em atos de doação, descobriremos dentro de nós um desejo semelhante ao desejo de doar que existe na natureza.  Assim, tão naturalmente como as crianças descobrem a fala imitando sons e sílabas, nós descobriremos o desejo de doar imitando o doar.

Pode levar um tempo até sabermos como receber e doar como a natureza o faz, mas a prática traz a perfeição e assim conseguiremos. E quando assim o fizermos, nossa vida vai ser um ilimitado fluxo de revelações tão profundas e ricas que nos admiraremos de quão cegos éramos até então.

No mundo de hoje, não podemos esquecer o funcionamento do desejo de doar.  não estamos em Babel, onde as pessoas poderiam evitar atrito entre elas ao se mudarem para terras estrangeiras. Porque habitamos todos os cantos do globo, não temos para onde ir.  Além disso, nos conectamos com tanta força uns aos outros que seria mais fácil transformar ovos mexidos em ovos não mexidos do que desfazer as nossas conexões globais.

E isso não é uma coisa ruim. Sem conexões globais, onde conseguiríamos mercadorias tão baratas como as fornecidas pela China e índia?  E quem daria trabalho e pão para os trabalhadores desses países? Agora que a economia mundial está atravessando um gigantesco declínio, podemos ver quão benéfica a globalização pode ser se a usarmos devidamente.

Na realidade, o mundo é a mesma megalópole que foi nos tempos de Babel, mas agora somos aquela megalópole em escala global. Não podemos nos dispersar, portanto devemos nos unir ou nos destruir mutuamente. Somos um todo único, um corpo, e temos de aprender a fazer a nossa a parte. Quanto mais adiarmos a nossa atuação, nos tornaremos menos saudáveis assim como a nossa sociedade também.

Assim, para evitar nos destruirmos uns aos outros, vamos todos decidir como sair desta crise juntos.


Publicado em:
Garanta Sua Saída da Crise: Como Você Pode Sair Forte da Crise mundial -. Por Michael Laitman Parte II – Capítulo 8 -  págs.43 a 46.
http://www.kabbalah.info/brazilkab/bibliotecaFrameset.htm