Em vez de se agarrar ao princípio “Não Há Outro Além
Dele”, o meu pensamento depende de diferentes fatores que eu vejo diante de
mim. Ao invés de olhar para
frente para ver além das pessoas, além do mecanismo, além de todos os fenômenos
naturais, e para ver apenas o Criador e eu, como um míope, olho para os
objetos que estão perto de mim e os vejo como os fatores de que depende a minha
liberdade. Assim como Dom Quixote, eu luto com moinhos de vento, “cenários” sem
vida.
Como resultado, o Criador tem que intensificar o mal e os
sofrimentos, de modo que eu tenha que dar uma olhada melhor no que depende a
minha vida. Ele faz isso para que eu não seja capaz de parar esta busca.
Assim, as pessoas são obrigadas a ser um pouco mais
inteligentes, a fim de ver com quem estão lidando e quem está gerindo o mundo.
Os problemas só nos lembram do objetivo, e é fácil nos livrar deles se nos
dirigirmos ao Criador. Mas nós não nos dirigimos a Ele para receber “recompensas”,
mas para corrigir a nós mesmos, a fim de nos aderir a Ele e dar-Lhe satisfação.
Então, os atuais “lembretes” serão anulados, e o “anjo da morte” vai se
transformar num “anjo santo”.
Baal HaSulam, em “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot”
: “Os ímpios, em suas vidas, são chamados de “mortos”. “Isto é porque a morte é
melhor do que a vida, como a dor e o sofrimento que suportam para o seu
sustento são muitas vezes maior do que o pouco prazer que sentem nesta vida.
Se nós não avançamos no sentido de alcançar a fonte da
vida, a vida se transforma numa fuga do sofrimento. Todos os nossos pensamentos
são apenas sobre como evitar o mal e o aborrecimento. Portanto, nós não
imaginamos o bem como satisfação, já que não podemos nos satisfazer, mas
simplesmente tentamos encontrar alguma paz entre os momentos ruins.
Como resultado, todos os prazeres que sentimos não duram
mais do que um curto espaço de tempo, e por isso somos chamados de “mortos”,
mesmo estando vivos, uma vez que não recebemos satisfação da fonte real da vida
da qual toda a realidade e toda a criação se sustentam.
Claro, todo mundo tem suas próprias contas, e se a pessoa
vê quanta dor e sofrimento ela sente, o quanto ela sofreu e que esforços fez em
comparação com os poucos momentos de prazer que lhe deixou feliz e lhe trouxe
alegria, então ela descobre que não valia a pena viver. Toda essa vida só pode
ser justificada como uma preparação para a ascensão espiritual. Mas se ela
examina a vida como é, percebe que não há qualquer nexo nela.
Agora, quando somos recompensados com Torá e Mitzvot (mandamentos), somos
recompensados com a vida real feliz e alegre, ao mantê-los, como se diz: “Prove
e veja que o Criador é bom”. Isto é o que aqueles que a alcançaram sentem.
Então, nós podemos escolher entre o bem e o mal. Depois que recebemos a Torá, o
caminho, os princípios espirituais, nós começamos a trabalhar com as duas
linhas.
Isto é o que os escritos dizem com: “e você deve escolher
a vida para que você e seus descendentes vivam”. Na verdade, é uma repetição:
“e você deve escolher a vida, de modo que você viva”. Mas isso se refere a
viver cumprindo a Torá e Mitzvot.
Então, a pessoa realmente vive. “Mas a vida sem a Torá e Mitzvot é mais difícil do que a morte”.
Esta é a forma como a pessoa percebe a diferença entre a
vida e a morte: a vida significa avanço espiritual, e a morte significa falta
de avanço. A pessoa gradualmente entende que o avanço significa se aproximar do
amor, da doação, da auto-anulação, subir acima do ego. Só isso é chamado de
“vida”, sem qualquer consideração ao que sentimos em nossos desejos egoístas.
De uma Lição de Cabalá do Dr M. Laitman em 11/12/12, “Introdução ao
Estudo das Dez Sefirot“