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domingo, 26 de junho de 2011

DECIFRANDO O SEGREDO DA FELICIDADE



A felicidade deixa de ser um mistério na Cabala. Este conceito de felicidade, que para muitos é simplesmente uma idéia vaga pode fracionar-se para análise de seus componentes e entendimento. E da mesma maneira em que temos e=mc2, existe também uma fórmula para alcançar a felicidade duradoura.



O DINHEIRO DO VIZINHO VALE MAIS

“Será dinheiro?”, perguntaram os pesquisadores. “Se eu tivesse dinheiro”, alega típico fantasioso da felicidade, “faria tudo o que quisesse: viajar pelo mundo, comprar o que desejasse, seria independente e teria o controle de minha existência. Em poucas palavras, o dinheiro me traria a felicidade, não é assim?”
                                          
De maneira surpreendente (ou não), os estudos mais recentes nos mostram que uma vez que temos a quantidade suficiente para chegar às satisfações básicas, o dinheiro deixa de ser uma fonte de felicidade. De fato, uma pesquisa muito conhecida revela que os ganhadores da loteria perdem a euforia inicial com bastante rapidez. Ao cabo de pouco tempo, seu estado de ânimo é exatamente igual ao que tinham antes de sua boa sorte. Efetivamente, uma vez que tenhamos acumulado mais dinheiro do que necessitamos para nossas necessidades básicas, a capacidade de desfrutar se vai ofuscando com perguntas como, “Estou à altura dos Oliveira?”, pois não importa o quanto ganhemos sempre nos vai parecer que os prêmios de nosso vizinho valem mais.

A ECONOMIA DA FELICIDADE

Que podemos dizer de nosso tempo de folga? Se trabalhássemos menos e tivéssemos mais tempo livres, chegaríamos a sentir a tão ansiada felicidade? Os pesquisadores rejeitaram tal hipótese categoricamente. No “Mapa da Felicidade do Mundo”, publicado recentemente pela Escola de Psicologia da Universidade Leicester da Inglaterra, o laborioso Estados Unidos da América ocupam um respeitável 23º lugar, melhor que os franceses que gozam de um bom número de semanas de férias e se colocam num desconcertante 62º. lugar. Uma por uma, os pesquisadores da felicidade foram derrubando as teorias mais conhecidas sobre o caminho que conduz a ela. Chegaram à conclusão que as circunstâncias como triunfar na profissão, ser feliz no matrimônio e inclusive gozar de boa saúde não nos garante a felicidade.

Portanto, o que então nos faria felizes? Esta é justamente a pergunta que deixa os pesquisadores sem fala. Por alguma razão, é mais simples identificar os fatores que não nos dão a felicidade que oferecer uma fórmula prática para a verdadeira felicidade. “A felicidade está em todos os lados - dentro dos livros mais vendidos, nas mentes dos criadores de políticas sociais e é o ponto central dos economistas – e sem dúvida continua sendo esquiva”, conclui Rana Foroohar a veterana editora de economia do Newsweek. Então o que podemos fazer para capturar a efêmera felicidade?

A MECÂNICA DA FELICIDADE
Para decifrar o segredo da felicidade, devemos descobrir em primeiro lugar quem somos realmente e qual é nossa natureza, a qual é simples: Somos o desejo de ser felizes. Em outras palavras, todos nós queremos receber prazer e desfrutar, ou como o chama a Cabala “o desejo de receber”.

“… O desejo de receber prazer constitui toda a substância da Criação, desde o princípio até o final e toda a incalculável quantidade de criaturas e suas variedades, não são outra coisa senão graus e valores distintos do desejo de receber.” (Rabi Yehuda Ashlag: Prefácio a Sabedoria da Cabala)

Talvez estejam familiarizados com o citado. Mas nossa natureza, o desejo de receber, é muito mais sofisticada do que nos parece. Não é tão somente um desejo constante que sempre nos está dando ligeiros impulsos para buscar a felicidade. Este desejo de receber é o que realmente nos move a realizar tudo, desde as ações mais cotidianas, insignificantes, até os pensamentos que passam por nossa mente.

O desejo de receber busca satisfação a cada passo e se assegura que não  descansemos até satisfazer suas demandas. É ele que determina constantemente nosso estado de ânimo; se o realizamos, nos sentimos felizes, nos sentimos bem, a vida é uma canção; mas, se não o realizamos, estaremos frustrados, enojados, deprimidos, nos tornamos violentos e até com pensamentos suicidas. O célebre autor irlandês Oscar Wilde, definitivamente o sabia quando escreveu, “Neste mundo só ocorrem duas tragédias. Uma, é não conseguir o que queremos e a outra consegui-lo. A última é muito pior, é uma verdadeira tragédia”.

SEGREDO DA FELICIDADE: O PONTO MÁXIMO DO PRAZER
                                           

A Cabala nos explica o processo para obter a felicidade, da seguinte maneira: Primeiro, desejamos algo e nos esforçamos por conseguir. No momento que realizamos o que ansiávamos, invade-nos uma sensação de prazer, alegria e deleite. Em termos cabalísticos o primeiro encontro entre qualquer desejo e sua satisfação é o ponto máximo do prazer.


Ou seja, tão pronto obtemos o que queremos, o desejo vai desaparecendo. Em poucas palavras, já não sentimos o desejo pelo que havíamos conseguido e como resultado, o prazer se esvai até desaparecer por completo. Por exemplo, sinto tanta fome que creio que poderia comer um bife de filé grosso e gostoso sozinho, sem convidar ninguém (os vegetarianos podem pensar num enorme prato de verduras). Mas, o que se passa quando começo a comer? A primeira garfada é um êxtase e a seguinte é maravilhosa. A que se segue é boa e logo, pois, sim… está bem. Sem dúvida, depois vai diminuindo sua importância, até que acabo dizendo, “Nem um pouco mais, vou estourar”. Isto se aplica a tudo, não somente a comida. Podemos passar anos sonhando com um auto esportivo. Mas quando o temos, por uns momentos ou dias sentimos uma emoção imensa, descobrimos que pouco a pouco vamos desfrutando menos. Até que ao final, cada vez que o dirigimos, só pensamos na gigantesca dívida que adquirimos e no fato de ter que pagá-la nos próximos três anos.




O Professor de Economia, Richard Easterlin, da Universidade do Sul da Califórnia, um dos pioneiros na pesquisa da felicidade chama a este fenômeno “adaptação hedonista”, que significa, “Compro um carro novo e me acostumo a ele. Adquiro um novo guarda roupa e igualmente me acostumo. Rapidamente nos adaptamos ao prazer que recebemos…” Porém, isto não pode ser o final da história. Depois de tudo, ao descobrir estes acontecimentos, vemos que todos nós ansiamos por encontrar prazer duradouro. É possível que a natureza nos haja colocado neste círculo vicioso no qual sempre seremos infelizes? Será a felicidade tão só um conto de fadas que nunca irá se converter em realidade?


A FÓRMULA (SECRETA) DA FELICIDADE     

Afortunadamente, a Cabala nos explica que a natureza não é cruel; que de fato, seu único desejo é dar-nos a felicidade que tanto buscamos. Se nossa aspiração a ser feliz não fosse destinada a ser realizada, não haveríamos sido criados com ela. O propósito da natureza é deixar que logremos alcançar, de maneira independente, uma sensação de total e completa felicidade, não parcial ou temporal e sim, perfeita e eterna.

Em realidade, estamos mais perto de alcançá-la do que pensamos. De fato, a recente tendência por investigar a felicidade e a crescente compreensão de que sempre permanecemos insatisfeitos nos vão permitindo efetivamente nos aproximamos da verdadeira felicidade. Estamos começando a reconhecer o padrão: a felicidade não depende da quantidade de dinheiro ganho ou quão bem está nosso casamento.

De fato, não tem relação alguma com qualquer prazer material que tratemos de receber e sim com nossa condição interna. Estamos começando a descobrir o fato fundamental que a felicidade pode ser obtida só se utilizarmos um principio distinto de prazer. A Cabala nos ajuda a resolver o problema da felicidade desde sua raiz. Já sabemos a razão porque nunca experimentamos o prazer duradouro: o encontro do prazer com o desejo neutraliza de imediato o desejo e, este ao ser neutralizado nos impede de desfrutar do prazer.

Assim o segredo da felicidade, nos explica a Cabala, é agregar outro ingrediente a este processo: a “intenção”. Isto significa que continuamos desejando como antes, só que damos um novo giro ao desejo: o dirigimos para fora de nós, como se estivéssemos dando a outro. Em outras palavras, esta intenção de doação, converte o nosso desejo em um condutor de prazer.


Se elevamos nosso desejo ao plano espiritual, em função de doar, o prazer que sentimos nunca vai parar; continuará fluindo através de nosso desejo segundo nossa intenção. E nosso desejo poderá seguir recebendo continuamente sem nunca chegar a saciar-se. E essa é a fórmula para o prazer interminável ou a felicidade duradoura.

Quando alguém aplica essa fórmula, passa em realidade por uma transformação muito profunda e começa a sentir diferentes tipos de prazer. A Cabala os chama “espirituais” e justamente são eternos. A verdadeira felicidade se encontra ali na esquina, esperando que aprendamos como experimentá-la, como agregar a intenção ao nosso desejo. Ao estudar a Cabala adquirimos esta nova intenção espiritual de maneira natural e começamos a receber conforme o desejo da Natureza, ou seja, plenamente. E é por isto que a “Cabala” significa “receber”, em hebraico, já que é a sabedoria que justamente ensina-nos como receber o prazer duradouro.





A VOZ DA CABALA - Para quem busca expandir sua visão interna - Rav Dr. Michael Laitman, CAP. I págs 53 a 56.