A dramática história do êxodo do Egito é muito mais que um marco histórico no Calendário Hebreu. De acordo com a Cabalá, ela descreve a liberação do egoísmo que toda a humanidade está próxima de experimentar.
Todos os mundos (inclusive este mundo) estão dentro de nós. Não os encontraremos fora de nós. Em outras palavras, não somos nós que estamos dentro dos mundos, mas, os mundos é que estão dentro de nós. Fora de nós existe apenas o Criador, a Luz Superior.
As pessoas em nosso mundo estão convictas que estão dentro algum tipo de existências, uma realidade que foi criada antes que nós entrássemos nela. Porém, isto é uma ilusão. Não existe nada fora de nós a não ser a Luz do Criador. Esta afeta nossos sentidos de tal maneira que sentimos as coisas como sólidas, líquidas ou gasosas, como vegetativo ou animado.
Tudo o que imaginamos e podemos ver ao nosso redor, é construído pelos nossos próprios sentidos que nos fazem ter a sensação que tudo existe fora de nós. Entretanto, a verdade é que nada existe fora, apenas o Criador.
Este mundo é o mais baixo que um cabalista alcança. É a oposição total do Criador e é limitado, ou seja, o denominado “exilio no Egito”. O poder natural que atua sobre nós nesta situação, nosso egoísmo natural, não nos permite avançar para qualquer lugar, exceto cuidar de nós mesmos. Isto é denominada “o estado de Faraó”.
Nosso egoísmo não nos permite sentir o estado sublime e perfeito. É sobre o egoísmo, o interior humano e a força malígna chamada “Faraó”, que a Torá fala detalhadamente, visto que a força libertadora é chamada “Moisés”. Faraó, Moisés e tudo que está escrito no êxodo, descrevem estados espirituais e emoções.
Nossa condição atual é a mais baixa possível. É um estado de absoluta sonolência e inconsciência. Não sabemos quem somos ou onde estamos. É certamente um estado ainda mais baixo do que o estado denominado “este mundo”; ao definir a nossa condição como “este mundo”, isso implica que já sabemos que existe outro mundo. Este mundo tão pequeno que nele nós não podemos sentir qualquer espiritualidade.
A Torá não é uma história épica, embora exista uma correlação entre o texto e a história humana. Mas, isto é assim porque a construção dos mundos é baseada num mesmo princípio: tudo o que acontece em um mundo espiritual é refletido no mundo espiritual adjacente mais baixo, ou seja, para baixo, para o nosso próprio mundo espiritual.
Tudo o que a espécie humana terá que passar durante sua ascensão para os mundos espirituais deve ser sentido por cada ser humano e por todos os indivíduos em cada um dos mundos, especialmente o nosso próprio.
O êxodo do Egito – o êxodo do egoísmo – ainda nos aguarda. E no século 21, nós estaremos mais envolvidos que antes para fazer esta transição – do egoísmo para uma humanidade de doação e amor. Uma vez que iniciemos esta transição, daremos partida para nossa experiência de conexão ao mundo espiritual, nível eterno da realidade, que é a única sensação quando nos libertarmos de nossos egos, ou seja, sairmos do “Egito”. Através da sabedoria da Cabalá que apenas está começando a pensar nesta direção, iremos acelerar nosso progresso de desenvolvimento espiritual e protegermo-nos de muitos sofrimentos, desde que nossos pensamentos venham a ser semelhantes ao plano inclusivo do Criador.
Texto original:Exodus—the Worldwide, 21st Century Version