Publicado em 11 de janeiro de 2010 no blog do dr. rav. michael laitman
Isto nos fala sobre dois níveis ou dois estados do desejo. No nosso mundo nós existimos apenas numa única qualidade: o desejo de receber ou de sermos satisfeitos para nosso próprio benefício. No mundo espiritual nós também existimos no desejo de receber, mas não o utilizamos. Lá, a nossa intenção é de “doar em prol da doação”, Hafetz Hesed, também conhecida como o desejo de receber para o benefício dos outros.
O desejo sempre permanece, visto que ele foi criado pelo Criador. Este é o elemento fundamental e invariável da criação. Contudo, ele pode ter duas intenções diferentes. A intenção de usá-lo para nós mesmos é a intenção natural com a qual nascemos, através da qual percebemos este mundo. A intenção espiritual e corrigida, na qual percebemos o Mundo Superior, é a intenção de usá-lo para o benefício dos outros.
O nosso desenvolvimento espiritual ocorre quando o nosso desejo corrupto evolui, mas nós corrigimos a nossa intenção de “para o meu próprio benefício” para “para o benefício dos outros”. Assim, nós continuamente descobrimos novos estados dentro da nova intenção. Os nossos desejos precisam mudar, para que tenhamos a oportunidade de mudar as nossas intenções em relação a eles. Nós não temos acesso aos desejos em si, pois estes são a matéria fundamental e não estão em nossas mãos.
Mesmo que tenhamos êxito no nível atual, quando entramos no estado de embrião do nível seguinte, nós não sabemos o que acontece lá, e somos incapazes de nos orientarmos sozinhos.
No nosso mundo os desejos de uma pessoa também crescem, mas eles sempre têm a mesma intenção – para o seu próprio benefício. Desta forma, os estados que a pessoa experimenta em diferentes desejos são similares, porque a intenção é sempre a mesma: para seu próprio benefício. Contudo, no mundo espiritual, o sentimento de satisfação implica uma contradição, visto que a intenção em relação ao nosso desejo de receber é “para o benefício dos outros”: nós nos satisfazemos, mas fazemos isso para o bem dos outros, e sentimos o mundo através dos outros. Desta forma, cada nível espiritual é completamente novo, com desejos e sensações inesperadas.
Os nossos esforços em determinado nível nos fornecem um novo começo para o próximo nível, apesar do fato de que o novo nível começa sempre com a ausência de realização, isto é, uma compreensão muito limitada das nossas ações atuais. Porém, os esforços no nosso nível atual são necessários para nos prepararmos para o próximo nível. Afinal, tudo o que realmente alcançamos no próximo nível vem da nossa realização no nível atual. Isto da perspectiva da preparação da nossa matéria, o desejo de receber.
Digamos que tenhamos terminado o 6º nível e começamos o 7º vível. No sétimo nível nós aprendemos sobre novos assuntos, que nós nunca estudamos ou ouvimos falar anteriormente . Todavia, uma vez que nos preparamos bem no nível anterior (grau), nós já experimentamos várias formas de percepção que revestiram a nossa matéria.
Nós sabemos exatamente como a nossa matéria percebe novas formas. Nós sabemos que podemos trabalhar com o grupo e receber ajuda dele. Podemos influenciar os nossos amigos e eles irão nos influenciar, e esta influência mútua nos permitirirá obter novas formas. Nós sabemos como trabalhar com os livros, os materiais de estudo, e o professor.
Em outras palavras, o trabalho neste mundo – o nível no qual estamos situados e o qual percebemos agora, prepara-nos para o “mundo vindouro” – o próximo nível ou percepção. Certamente, ele não nos dá qualquer entendimento do que acontecerá no mundo vindouro, mas depois de todos os nossos esforços, tornamo-nos dignos da sua revelação e temos uma base sobre a qual podemos continuar o nosso caminho.